Vamos falar sobre comida?
Uma Edição Diferente (e um Alerta para Algumas Pessoas)
Vamos falar sobre comida? E sobre como entrar em dietas pode mudar sua vida drasticamente — a ponto de ela passar a girar em torno disso?
Vou começar do início.
Nunca fui tão magra quanto sou agora, mas sempre fui uma criança gordinha. Minha médica alertava minha mãe para cuidar da minha alimentação, pois isso poderia me prejudicar ao longo da infância. Na adolescência, me estabilizei com um corpo "normal" e segui assim até a pandemia, quando engordei muito. Não saía, não fazia exercícios, minha vida se resumia a comer e mexer no celular (tentando aliviar a ansiedade de alguma forma).
No final de 2021, me vi de corpo inteiro em uma loja de roupas e detestei o que vi. Meu mundo desabou. Voltei para casa arrasada, mas decidida a mudar. E mudei — mas até que ponto isso foi bom?
Quando entrei na faculdade, estava magra porque controlava absolutamente TUDO o que comia — até molhos como ketchup e maionese. Estava obcecada em ficar cada vez mais magra, e quanto mais elogios recebia, mais pensava: "Vou ficar ainda mais magra."
Até que isso saiu completamente do controle.
Para as pessoas ao meu redor, pelo menos — porque eu ainda me achava incrível. Minha mãe e minha irmã me pediam para parar e comer mais, dizendo que meu corpo já não estava mais saudável. (Não fiquem chateados com elas; elas só queriam me ajudar.) Mas eu não ouvia ninguém. Estava obcecada por calorias e ignorava qualquer opinião.
Até que meu castelinho de diamantes desmoronou.
Foi no mês do meu aniversário. Algo que não acontecia há muito tempo (desde que emagreci) voltou a me assustar: minha menstruação parou. (E não, não era gravidez — não sou a protagonista de Jane a Virgem.) Achei que fosse um efeito dos antidepressivos e que voltaria ao normal se mudasse a medicação. Spoiler: não voltou.
Me olhava no espelho e via minhas costelas. (Tive que apagar várias fotos na praia porque mostrava demais — eu queria ser magra, mas não magra de "doente".) E o que eu fiz? Continuei emagrecendo.
Acreditem: minha maior preocupação não foi a amenorreia, mas quando comecei a inchar — muito. (Ter SOP não tinha relação, mas na minha cabeça, eu queria que tivesse.) Meu corpo já estava gritando que eu PRECISAVA parar, mas eu queria ouvir? Não. Só via as calorias de uma salada de alface.
Já não tinha forças para aguentar a vida que levava há quase quatro anos. Até que, em uma crise, comi exageradamente e achei que já estava obesa. Minha terapeuta me mandou respirar e meditar (tentei e falhei miseravelmente).
Foi quando, nas redes sociais, vi um vídeo sobre transtornos alimentares que explicava TUDO o que eu sentia naquele momento: fracasso, medo, desespero. Pesquisei mais e encontrei um artigo que descrevia exatamente o que estava acontecendo comigo. Entrei em choque.
E também em um dilema:
- Eu estava abaixo do peso ideal.
- Meu corpo estava pedindo socorro.
- Eu PRECISAVA engordar.
E a pior parte? Eu não queria.
Pensei até em ignorar a menstruação ("Quem precisa? É muita bagunça!"), mas o problema é que meu corpo está inchado porque está retendo tudo o que precisa para sobreviver. Ele está se protegendo, enquanto eu, teimosa, continuo maltratando-o.
Passei quase uma semana chorando (sim, divas também choram) e procurando outra saída, porque eu não quero ganhar peso. Mas minhas costelas estão visíveis, e minha barriga, apesar de definida, está inchada. (Talvez eu tenha alguma distorção de imagem? Sim, e é exatamente isso.)
Por que estou contando isso aqui?
Porque estou entrando em uma fase de recuperação. Preciso me afastar de tudo que possa me levar de volta aos gatilhos, porque a única forma de voltar a ser saudável é justamente a que sempre detestei.
Vou ser sincera: é difícil comer. É difícil não anotar tudo, não calcular calorias automaticamente, não me sentir mal depois de mastigar e engolir. É difícil pensar "Eu fiz isso" e não me sentir péssima.
Não quero comer sem controle. Não quero engordar. Mas vocês entendem que essa é minha única esperança?
Me restringi tanto que hoje tenho medo de comer uma simples panqueca de carne porque é "muito calórica". E o pior? Odeio saber que, inconscientemente, influenciei outras pessoas a fazerem o mesmo.
Por isso, um conselho: se querem emagrecer, procurem um nutricionista. Não comecem a contar calorias sozinhos. Façam da forma mais difícil, mas também a mais saudável, porque eu estou aqui, lutando contra mim mesma para me recuperar.
Se quiserem entender melhor, clique Aqui é o link de um artigo que explica exatamente o que estou passando.
E se me virem um pouco pra baixo, saibam: não estou infeliz. Estou lutando contra minha mente e tentando ficar bem.
Vou iniciar (talvez) um processo de recuperação, mas confesso que não é uma decisão tomada com certeza. Ainda penso em voltar a contar calorias (hoje contei meu café e almoço) e desistir. Mas uma coisa é certa: nunca vou desistir de mim mesma.
É uma nova página. Haverá altos e baixos, mas vou tentar.
Até a próxima.